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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

MINHA PRIMEIRA ENTREVISTA


Taí para registro a minha primeira entrevista, concedida ao jornal Folha da Manhã em 85, quando tinha 18 anos.
Junto à entrevista, a publicação de uma história em quadrinhos de uma página apenas, na qual tentava emular, naturalmente sem a mínima competência, o mestre francês Moebius, uma dos maiores artistas da Arte Seqüencial no mundo. Na história, um cientista volta à era mezozóica e é vítima do que chamei de “regressão evolutiva”, na qual a viagem no tempo implicaria em um retrocesso na escala evolucionista, transformando assim o viajante temporal em uma criatura pré-histórica na transição entre mamífero é réptil.
Ainda sobre a entrevista, há comentários de minha parte sobre os fanzines, publicações alternativas em que muitos aficionados pela Arte Seqüencial puderam publicar e divulgar seus trabalhos. Para quem não sabe, muitos dos jovens entusistas da época são artistas de renome internacional como o paraibano Mike Deodato. Também fica como registro a referência feita ao gênero terror em quadrinhos, pois ainda na época, as publicações nacionais de grande alcance e tiragem distribuídas em banca exploravam o gênero como reflexo tardio do “Comic Code”, o código de ética norte-americano, a auto-censura promovida nos EUA, como resultado de uma perseguição às temáticas mais adultas nos quadrinhos, onde as histórias de terror tiveram sua publicação cancelada. Sem material a ser ofertado ao público brasileiro, abriu-se a oportunidade aos profissionais brasileiros para publicar suas próprias histórias no gênero terror, onde grandes mestres ganharam mercado para sua arte primorosa, entre eles, os veteranos Julio Shimamoto, Fávio Colin, Eugenio Colonese, bem como os novos valores Watson Portela, Mozart Couto e uma extensa lista de talentosos artistas que, independente de gostar ou não do gênero terror, para os fãs da arte nacional, o que importava era o deleite de apreciar a arte das HQs, sobretudo porque as publicações eram em preto e branco, fazendo sobressair a qualidade do traço.
Na época desta entrevista, a última grande publicação com longa duração do gênero terror presente nas bancas de jornal eram as revistas da Editora D-Arte, a Calafrio e Mestres do Terror, publicações capitaneadas pelo grande artista e mecenas das HQs Rodolfo Zalla que, além de publicar os quadrinhos dos grandes mestres nacionais, mantinha uma seção de cartas em que os editores de fanzines podiam divulgar suas publicações, além de manter uma seção de quadrinhos do leitor em que publicava trabalhos de amadores. Naturalmente que era fã assíduo da revista. O jornalista, diante de meu entusismo ao discorrer sobre a publicação de terror, durante a entrevista até, em tom de brincadeira, soltou a pérola: “Ah, então você é terrorista?”
Pouco tempo depois, fui agraciado com a publicação de uma história em quadrinhos de minha autoria na revista Calafrio número 26, que, embora tendo sido redesenhada por Rodolfo Zalla, inclusive com o roteiro refeito (e aperfeiçoado) – “copidescado”, como dizem no jargão jornalístico, recebendo um novo título: “Era uma Vez...” – foi uma verdadeira lição de como trabalham os profissionais do gênero. Além disso, o editor da revista Calafrio, Rodolfo Zalla, deu mostras de sua gentileza, respeito e profissionalismo no pagamento pela publicação, mesmo em se tratando de um amador.
Foi assim que, além de simpatizante, me tornei de fato, mesmo que seja com uma única publicação, um “terrorista” dos quadrinhos...

3 comentários:

  1. Que legal.Parabéns! abração,chica

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  2. A primeira entrevista a gente nunca esquece!
    Isso não é uma verdade absoluta fui em Curiba receber um premio por um cartum ecológico certa vez e fui entrevistado pela tevê local e não lembro uma palavra do que disse tamanho era meu nervosismo!
    Um abração mano!
    Meu novo email é artenativaquadrinhos@hotmail.com o outro foi bloqueado e eu como um verdadeiro trapalhão virtual esqueci de tudo que precisava para conseguir recuperar a conta perguntas secretas dados senhas e dados do email alternativo tudo! Um abraço e tudo de bom em tudo e sempre1

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  3. Nosso caminho segue sempre paralelo também tive uma HQ adptada pela D ARTE ENTÃO TAMBÉM SOU MEIO TERRORITA!

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